quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A escola como "variante torpe entre celeiro e curral"

É conhecido como Eça de Queirós se refere em Fevereiro de 1872, em Uma Campanha Alegre, às escolas primárias do seu tempo:

Os edifícios (a não ser os legados pelo Conde Ferreira, que ainda quase não funcionam) são na maior parte uma variante torpe entre o celeiro e o curral. Nem espaço, nem asseio, nem arranjo, nem luz, nem ar. Nada torna o estudo tão penoso como a fealdade da aula. […] Sobretudo nas aldeias é quase impossível atrair ao estudo, numa saleta tenebrosa e abafada, crianças inquietas que vêm do vasto ar, da luz alegre dos prados e dos montes. A escola não deve ter a melancolia da cadeia. […] A escola entre nós é uma grilheta do abecedário, escura e suja: as crianças, enfastiadas, repetem a lição, sem vontade, sem inteligência, sem estímulo: o professor domina pela palmatória e põe todo o tédio da sua vida na rotina do seu ensino.
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Na imagem: Escola do Conde Ferreira, em Vila do Conde, de 1866.

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